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  • junho, 2024

47% dos brasileiros evita consumir notícias e 61% têm confiança no jornalismo regional. Dados são do Relatório Digital News Report

Tempo de leitura: 5 minutos
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O relatório deste ano do Digital News Report, publicado pelo Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo, revela novas descobertas sobre o consumo de notícias on-line em todo o mundo. Os dados foram divulgados no dia 17 de junho. Uma das informações que chamam a atenção no documento, é a confiança de 61% da opinião pública nos veículos de jornalismo regional. 

 

Baseado em um inquérito YouGov a mais de 95 mil pessoas em 47 países, ele analisa a importância crescente das plataformas no consumo e produção de notícias, incluindo redes sociais mais visuais e baseadas em vídeo, como TikTok, Instagram e YouTube.

 

Além disso, explora as atitudes do público em relação ao uso da inteligência artificial (IA) nas notícias, o papel dos criadores e influenciadores de notícias, quanto as pessoas pagam pelas notícias e muito mais.

 

digital news report
Expressão da confiança da opinião pública com os veículos de comunicação. 61% de confiança nos veículos regionais.

O Digital News Report apresenta conclusões divididas em várias áreas:

 

– Confiança nas Notícias: A confiança geral nas notícias permanece inalterada em relação ao ano passado, em 43%, após diminuições significativas nos últimos dois anos. Apesar disso, há uma tendência de aumento no número de pessoas que evitam notícias com frequência ou às vezes, atingindo 47% este ano, acima dos 41% do ano passado.

 

– Uso da IA no Jornalismo: O público tem atitudes variadas em relação ao uso da IA na produção de notícias, um tema que está ganhando cada vez mais atenção nas discussões sobre o futuro do jornalismo.

 

– Públicos e Necessidade do Usuário: A análise das necessidades do usuário revela que os hábitos de consumo de notícias estão mudando, com uma crescente preferência por conteúdo visual e baseado em vídeo.

 

– Valor Pago pelas Notícias: O relatório investiga quanto as pessoas estão dispostas a pagar pelas notícias e como essa disposição varia entre diferentes regiões e plataformas.

 

– Ascensão de Influenciadores: A relevância dos criadores de conteúdo e influenciadores de notícias está crescendo, especialmente entre os públicos mais jovens que consomem notícias em plataformas como TikTok e YouTube.

 

 

O Digital News Report de 2024 registra o interesse pelas notícias em outros países, como por exemplo: nos Estados Unidos, o ano eleitoral fez aumentar o interesse em três pontos percentuais, apesar da tendência mundial ser o declínio. Na Argentina, o interesse caiu de 77% em 2017 para 45% atualmente e, no Reino Unido, se reduziu pela metade desde 2015. 

 

Relatório Aponta Dados sobre Propriedade, Meios de Comunicação e Jornalismo

 

A propriedade dos meios de comunicação social continua concentrada, com vários grandes conglomerados privados a gerir canais de transmissão, impresso e on-line. No entanto, essas empresas estão sob pressão à medida que os hábitos do público mudam, levando a uma diminuição do alcance semanal de todas as principais fontes de notícias nos últimos anos, incluindo as redes sociais.

 

Digital News Report e o Jornalismo no Brasil

 

Rodrigo Carro, experiente jornalista no setor financeiro e ex-bolsista do Reuters Institute for Journalism, é o autor da seção brasileira do Digital News Report. Rodrigo destaca que o Brasil tem lutado contra a disseminação de desinformação nas redes sociais. 

 

Sobre os números relacionados ao consumo de notícias, ele afirma que “desde o início de 2023, as prisões e o inquérito legal em andamento têm dominado as manchetes políticas. Combinado com os conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia, a pesada agenda de notícias pode ter sido a causa de um aumento acentuado na evasão de notícias”.

 

Na pesquisa, TikTok e X (antigo Twitter) são consideradas as menos confiáveis das principais redes quanto à notícias – 24% dos usuários de ambas as plataformas dizem que é difícil distinguir conteúdo de notícias confiável e não confiável.

 

Em relação ao dispositivo utilizado para consumo de notícias, os smartphones disparam em crescimento.

 

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Dispositivos usados para consumo de notícias.

 

Um estudo encomendado pela Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ) mostrou que, embora 9,5 mil profissionais tenham sido contratados no ano passado, 10,4 mil empregos foram perdidos.

 

A confiança geral nas notícias no Brasil permanece inalterada em relação ao ano passado, em 43%. Por outro lado, o Brasil ocupa o primeiro lugar em termos de confiança entre os seis países latino-americanos pesquisados. 

 

Desafios para o Jornalismo 

 

O relatório deste ano revela que os editores de notícias estão no meio de um novo conjunto de mudanças tecnológicas e comportamentais de grande alcance, aumentando as pressões sobre a sustentabilidade do jornalismo. 

 

Não são apenas os meios de comunicação que enfrentam esses desafios; gigantes da tecnologia como Meta e Google também estão sob pressão. Esses gigantes tecnológicos estão adaptando seus produtos a um ritmo acelerado, impactando um ecossistema de notícias já delicado.

 

Uma redefinição das plataformas está em andamento, com mais ênfase em manter o tráfego dentro de seus próprios ambientes e maior foco em formatos que comprovadamente impulsionam o engajamento, como o vídeo. O tráfego das mídias sociais e das pesquisas provavelmente se tornará mais imprevisível com o tempo, mas sair da rotina algorítmica não é simples.

 

Embora algumas empresas de comunicação continuem a ter um bom desempenho neste ambiente desafiador, muitas outras lutam para convencer as pessoas a prestarem atenção às suas notícias e a pagarem por elas. 

 

O interesse pelas notícias tem diminuído, a proporção de pessoas que as evitam aumentou, a confiança permanece baixa e muitos consumidores sentem-se cada vez mais sobrecarregados e confusos com a quantidade de informações.

 

As apostas em boa produção de conteúdo e experiência do usuário se mostram fundamentais. Apesar dos desafios, essas mudanças também oferecem esperança para os editores. 

 

Se as marcas de notícias conseguirem demonstrar que seu jornalismo é baseado em precisão, justiça e transparência – e que os seres humanos permanecem no controle – é mais provável que o público responda positivamente.

 

Reengajar o público exigirá que os editores repensem algumas práticas tradicionais do jornalismo. Será necessário encontrar maneiras de ser mais acessível sem simplificar os conteúdos, relatar o mundo como ele é, ao mesmo tempo que se oferece esperança, e apresentar diferentes perspectivas sem transformar tudo em ambiente de competição.

 

O relatório deste ano do Digital News Report oferece uma visão abrangente e detalhada sobre o consumo de notícias on-line em todo o mundo. Ele destaca as mudanças nos hábitos do público, a crescente importância das plataformas de mídia social, e as contínuas lutas contra a desinformação. No Brasil, o cenário é de confiança moderada, desafios no universo do emprego na área jornalística e uma luta constante para distinguir notícias confiáveis em um ambiente digital em rápida evolução.

 

O relatório completo pode ser acessado aqui.

 

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